Nas Bancas: Este mês a revista Rolling Stones traz uma matéria exclusiva com Charlie Sheen, e também uma matéria sobre Game of Thrones. Não percam!
Ainda Louco
Charlie Sheen pode ter deixado o “tiger blood” e voltado à TV, mas não está totalmente abstêmio. Uma semana intensa com o último selvagem de Hollywood
Charlie Sheen é capaz de se meter em mais encrencas do que qualquer outra pessoa. No último ano, ele... bom, com certeza você já sabe de tudo: as vociferações contra o ex-chefe, Chuck Lorre, criador de Two and a Half Men (“aquele sociopata maluco barato”), o desfile das mulheres que moravam com ele (uma estrela pornô e uma ex-babá), a retirada de seus filhos de casa, ordenada pelo tribunal, seu vocabulário lunático (“feiticeiros assassinos do Vaticano”, “tiger blood”, “winning!”, “quebrando pedras de 7 gramas”), o processo de US$ 100 milhões por violação de contrato contra a Warner Bros. e Lorre (cuja série lhe rendeu US$ 25 milhões, com mais por vir), a turnê My Violent Torpedo of Truth/ Defeat Is Not an Option (ou Meu Violento Torpedo da Verdade/ A Derrota não é uma Opção, que, aliás, provou ser o contrário – era um tanto ruim), e por aí vai. Em junho do ano passado, ele finalmente se esgotou e ficou quieto, aparecendo apenas para fazer algum comentário sobre Two and a Half Men e saindo de um show do Guns N’ Roses parecendo bêbado, para não dizer acabado. Em outras palavras, recentemente vem sendo um bom garoto.
Só que, esta noite, neste exato momento, Sheen está contemplando problemas mais uma vez. Ele está em uma churrascaria da moda em Hollywood chamada Boa, comendo com gosto seu tartare de atum tostado. Uma garota de 20 e poucos anos se aproxima. Diz que seu nome é Erica e que acabou de ser rejeitada em um teste para o papel de filha de 15 anos dele em Anger Management, novo seriado de Sheen no canal FX. Ela faz bico. Cabelo escuro, saia curta, blusa muito justa. Vira um pouco de lado, exibindo o perfil. “Falaram: ‘Você foi perfeita, mas seu corpo não é o de uma garota de 15 anos’.”
Sheen, de 46 anos, inclina-se, enxuga os lábios com o guardanapo e diz: “Bom, não sou especialista em fisiologia, mas tenho de concordar com eles”.
Então, do nada, o jogo começa. Logo, eles estarão perambulando no pátio externo, fumando. Ele pergunta: “Você é casada, noiva? Como não nos conhecemos antes? Como vamos fazer para que esta não seja a última vez em que nos vemos?” Então, grava o telefone dela no celular. É bem espetacular como acontece. Os olhos dele estão vivos e brilhantes. Ele é determinado sem ser agressivo. A aspereza de sua voz o faz parecer um brigão de bar, mas sua energia é tranquila, calorosa, amistosa, divertida. Há como não gostar?
“É uma das garotas mais lindas que vi em muito tempo – de chorar de linda”, diz, transbordando de emoção poética. “Alguém como ela só deveria existir aos domingos. Você viu as toneladas de fofura empilhadas sobre a beleza dela? Cara, tenho de sair mais. Aquilo foi sexy pra caramba.” Relaxando, ele continua: “As pessoas acham que uma garota chega e eu fico: ‘Tá, que seja’. Não. Sou como um pirralho de 9 anos sentado com o amigo, dizendo ‘Deus do céu!’”, ele afirma. “Este é o Charlie Sheen que ninguém conhece.
Não sou um maldito esquisito. Não crio caos, confusão, desordem. Quer dizer, fiz isso por um tempo, mas nunca foi parte do plano. Só estava tentando manter as coisas de pé enquanto elas desmoronavam.”
Um pouco depois, ele envia uma mensagem de texto para Erica, sugerindo um reencontro em breve, mas, na verdade, ela não está fadada a se tornar o problema da noite. Nem as três ou quatro doses de tequila que Sheen vira tão facilmente.
Em vez disso, esta noite, o problema é um dos dentes de ouro na boca do ator – especificamente o número 12, na arcada superior esquerda, um pré-molar que quebrou com uma batata frita e foi substituído por ouro. Parece ridículo, mas o FX exigiu que, toda vez que Charlie Sheen aparecer em público, o dente de ouro precisa ser camuflado com tinta. Aparentemente, não gostam do que isso faz à aparência dele, talvez achem que o faz parecer do gueto. Ele suspira. “Um ano atrás, eu teria dito: ‘Dane-se, é meu dente!’ Mas por que ser o canalha? Qual é o motivo? Mostrar pra eles? Mostrar pra eles o quê? De qualquer forma, isso se tornou um grande problema, então falo: ‘Ok, vocês têm o direito’. ”
Só que, claro, Charlie sendo Charlie, esse dente não foi pintado hoje e, quando sorri, é incrivelmente brilhante. Há muitos paparazzi do lado de fora esperando que ele apareça. Sheen faz uma pausa, respira fundo. Poderia ser pior. Ele poderia estar na cadeia ou (supostamente) lutando com uma garota no Plaza Hotel ou jogando dinheiro para uma stripper. Muito pior. “Eu me esqueci de pintar meu dente, só isso.” Ele vai embora pela porta dos fundos e entra em um carro que o espera, evitando os fotógrafos, evitando conflito, mostrando um lado mais maduro de si: o Charlie Sheen que ninguém conhece, tentando fazer a coisa certa pela primeira vez em sua vida, e esperando conseguir.
Você continua lendo esta matéria na edição 70 da Rolling Stone Brasil, Julho/2012.
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